lunes, 3 de diciembre de 2007

Religião no México

Jesús Malverde

O que vc sabe da religião mexicana?RIO - Regina Casé visitou a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, considerada pelos católicos a padroeira da Cidade do México. Em meio à multidão de fiéis, a apresentadora se emocionou ao entrar no santuário.

Além da religião oficial do país, o programa revelará outros ritos populares na periferia mexicana, como o culto à Santa Muerte. Estima-se que o culto à entidade mobilize cerca de dois milhões de fiéis de diferentes classes sociais. Outro culto que será apresentado é o Jesus Malverde, considerado o santo laico mais popular do país. Ele era o bandido mais temido nas redondezas da Cidade do México no início do século XX e hoje é conhecido como padroeiro de todos que têm problemas com a justiça.


A Santa Morte


Conto baseado na crendice de um vilarejo situado no interior do México (foto do post), onde se cultua a Morte, num altar, como uma Santa, a quem você pode pedir qualquer espécie de favor.

O fósforo venceu com dificuldade o atrito da caixa e pariu a chama, que iluminou discretamente a resistente penumbra da sala. Ela encostou de leve o pedaço de madeira crepitante ao pavio da vela. Depois o sacudiu, com firmeza, extinguindo-o.

Entrelaçou as mãos em frente ao altar e pediu, com os olhos fixos na imagem cadavérica. Talvez pra confirmar o seu pedido, talvez pra gritar sem usar a voz, a mulher apertou com força as mãos entrelaçadas, cerrou os olhos e, mais uma vez, pediu.

Perdeu-se, por uns momentos, nos labirintos da sua prece, e inconscientemente, tomada por um remorso de última hora, procurou justificativas ao seu desejo. Poderia um ser humano exigir a morte de outro? Entendeu que sim, finalmente. Alguém que age como ele agiu, não pode ser considerado humano, e se a justiça dos homens é falha e a justiça de Deus tarda, ela optaria por um meio caminho, um atalho em direção ao que era certo.

Decidida, puxou o papel do bolso, com o nome dele devidamente escrito, e amarrou na vela recém-acesa. O calor da chama esquentou-lhe as mãos, trazendo-a de volta ao mundo real.
Sem saber porquê, sentiu que sua prece tinha sido atendida. E olhou com doçura os fundos olhos cadavéricos da imagem.

Por fim, antes de deixar o pequeno altar, beijou de leve a ponta dos dedos e passou-lhes, no manto da Santa Morte.

Já do lado de fora da Igreja, numa escuridão total, as estrelas iluminavam, livres, aquele vilarejo isento de modernidade. E a mulher viu, ou pensou ter visto, na esquina, uma senhora vestida de negro, trazendo nas mãos algo que ela não teve tempo de identificar, pois caiu ao chão, fulminada por um derrame.

Pelo menos foi o que souberam depois.

O que ela não soube, talvez o que ninguém soube, na verdade, era que, dentro da igreja, sobre o altar da Santa Morte, ao lado daquela vela recém-acesa, jazia uma outra vela. Na verdade, apenas um pedaço de cera, agora. Um pedaço de cera que envolvia um outro desejo, um outro papel. Um papel que escrevia o seu nome.


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